terça-feira, 18 de maio de 2010

O poder das Trevas


Se alguém retirar todos os astros do universo, só permanece a escuridão. Se você fechar os olhos é a escuridão que você vê. Do mesmo modo, é no interior da terra, no seu breu, que a semente tem tranqüilidade para se desenvolver. É no interior do útero materno, bem escuro, que o feto se desenvolve em segurança. É neste segredo, neste silêncio, neste vazio, nesta escuridão, que as coisas acontecem. Na realidade, a luz só existe para confirmar a existência das trevas.


Se você fecha os olhos, a escuridão está lá. Contudo, ela é mágica. Pouco tempo depois, você começa a perceber umas luzes, algumas formas, pode até ouvir vozes, começa a ocorrer a recriação do seu cosmos interno.


As trevas universais têm recebido inúmeros nomes, dependendo do enfoque. Só para citar alguns:


  • em Qabalah, fala-se no Ain Soph Aur, luz negra ilimitada, de onde surgem todas as emanações
  • em Thelema, menciona-se Nuit, como o imenso negrume criativo do universo, a consciência absoluta
  • em ensaios junguianos, trabalha-se com a Sombra, esta parte reprimida no interior humano, que se traduz num potencial altamente criativo


Na escuridão da noite, ninguém vê a pessoa, ela permanece oculta. Daí o arquétipo da cor negra estar associado à neutralidade, proteção, e não ao mal que os adeptos das religiões divinas sempre lhe atribuíram. Como o verde é a imagem da rica variedade da natureza, vincula-se à idéia do dinheiro. O vermelho é sempre sinal de fogo na mata, logo é usado nas placas sinalizadoras de atenção ou perigo, como o semáforo do trânsito impondo a parada obrigatória do veículo no sinal. Afinal, um incêndio florestal é sempre perigoso, bem como uma batida no trânsito.


Uma planta só nasce, porque as suas raízes estão ocultas dentro do solo, no útero de Gaia, a mãe Terra, à espera do sêmen representado pela chuva. Na realidade, a semente é um óvulo e a chuva, o espermatozóide. É neste segredo, neste útero debaixo da terra, nesta sombra, que ela cresce. Quando a árvore cresce e você colhe os frutos, é também na sombra que vai sentar para comê-lo, e não sob o sol escaldante. A sombra refrigera!


Alguém está com uma meta na mente. Empolgado, conta a todo mundo indiscriminadamente: família, amigos, desconhecidos... Com certeza vai malograr, porque dissipou toda a energia que devia ser guardada através do silêncio. Às vezes, conversar com algumas pessoas que estão no mesmo barco, que podem cooperar, ajuda. Não obstante, este não é o caso na maioria das vezes, então inúmeras interferências ocorrem, bloqueando a realização do objetivo pretendido. O silêncio é substancial, possui uma força enorme e sempre lhe ajuda. O segredo é a sombra que lhe protege. A sombra é a chave. Se você não possui a compulsão de revelá-lo, as chances estarão a seu favor.


O satanista busca guardar segredo. Revelar sua intimidade, projetar suas reações em nada acrescenta e só traz transtornos. Primeiro, porque a grande maioria das pessoas está preocupada com os seus próprios problemas e não se interessa pelos dos outros, a não ser hipocritamente. Em seguida, porque a maioria vai sentir inveja da sua meta e, conseqüentemente, lhe enviar cargas perniciosas. Depois, quando um segredo permanece com a pessoa, o poder é seu; se revelado, o poder passa às mãos dos outros: tudo pode acontecer.


S., uma amiga minha, pelo simples fato de gostar de ler histórias de vampirismo, teve a sua casa cercada por evangélicos armados de cruz, estaca e alho. Fico pensando: Será que eles achavam que se tratava de uma vampira igual às das lendas do Conde Drácula? Portanto, se você é satanista, evite revelar sua condição, a não ser no meio de pessoas muito íntimas, com mente sadia, ou entre os irmãos da nossa doutrina. Se sair por aí como um poseur, arrumará uma miríade de complicações, talvez alguma realmente grave. Os grupos e ordens da via esquerda não se deixam entrevistar facilmente pela imprensa, pois os membros primam pelo anonimato, de forma a preservar a sua vida pessoal, diante de parentes, amigos, vizinhos, colegas de trabalho. Não se esqueça de que a massa é ignara em relação a tais assuntos e, portanto, adversa. Acrescento também que o fanatismo cega até as pessoas mais inteligentes.


Para possuir autocontrole, basta uma vara mágica chamada amor-próprio. O amor-próprio afasta qualquer tipo de compulsão, como os vícios. Nenhum vício pode sobreviver diante do amor-próprio, contudo é difícil tê-lo. Todo o sistema atual se baseia na renúncia de si mesmo. Se você vive rejeitando o seu ser, porque é pecador, então nunca terá amor-próprio e, mesmo que não saiba, sempre trabalhará contra si. Esta é a essência do instinto de tanatus, de que Freud falava, ou seja, do instinto de morte.


Infelizmente, os primeiros padres, associando o pecado ao instituto da confissão, impedia que houvesse qualquer segredo contra a Igreja. Não se pode olvidar que os dogmas religiosos tinham o poder de lei. Na natureza, todos os animais utilizam o segredo, a escuridão, espontaneamente. Nela não há pecados, não há doenças, frutos do stress causado pela sociedade humana. O animal se aceita totalmente.  De que adiantam as virtudes, se seus defeitos estão prontos para lhe engolir num momento de fraqueza? De que adianta uma cidade toda iluminada, se surge um black out e ocorre uma onda de vandalismos e assaltos?


Se você já fez algum tipo de meditação, é na sombra interna, no sossego do seu quarto, que você busca os insights. Ë impossível esta comunhão consigo mesmo sem passar pelo caminho da matéria. Precisa primeiro relaxar o seu corpo, o seu lado terreno, para depois focalizar a sua mente num mantra ou algo similar, tudo em segredo, em silêncio. Se algum ruído externo, como uma conversa, estiver presente, então apenas o seu tempo será gasto.


Imagine um depósito entulhado de lixo. Se você quiser fazer dele a sua morada, dificilmente ficará satisfeito se, antes, não jogar muita coisa fora e depois der uma limpeza em regra neste ambiente. Contudo, se você reparar a sua vida, é bem provável que esteja passando por isto neste momento. Há muito lixo nela e é praticamente impossível retirá-lo ou limpá-lo, mas... por quê? Porque a opinião dos outros já tomou conta de você. Cada ato que você tenta realizar, sempre surgem os apólogos da contradição. Pense bem: a vida é sua! Se você é realmente livre, respeita a esfera dos outros e impõe respeito à sua. Ninguém deve lhe dizer como conduzir a sua vida, a não ser você mesmo.


Mesmo não existindo a morte, talvez você só passe uma vez por aqui. Gostaria de voltar ao Éter como um fracassado ou como um vencedor? A opção continua sendo sua.


É preciso viver no sistema, na sociedade, mas sem ser manipulado. Você pode trabalhar, estudar, se divertir, amar, fazer as coisas do dia-a-dia, e, ainda assim, preservar-se das mil ilusões e cadeias que existem por aí. Exemplo: você lê um artigo de propaganda e sente compulsão de comprar uma roupa nova, que está na moda. Pergunte sempre a si mesmo: isto é necessário para mim ou estou apenas sendo induzido pelo sistema? Vai me trazer problemas futuros? Cuidado com a propaganda, ela é um dragão que se alimenta de pessoas. Este dragão trabalha usando a linguagem subliminar, que penetra na camada escura da sua mente, passando a lhe dominar. O fenômeno é cíclico, acompanha as estações. É óbvio que você deve comprar roupas para se sentir bem, dar expressão à sua vaidade pessoal, mas não porque o sistema está lhe impondo isto. Seja sempre Sua a opção!


A parte clara da sua mente você conhece: é revelada pelos pensamentos e hábitos usuais, razão por que ela é chamada Consciente. A parte mais profunda, o Inconsciente, é mais difícil de ser contactada. Ocorre este encontro através dos sonhos, do hipnotismo, da meditação ou em situações peculiares. No entanto, ela está sempre presente, você está sempre projetando tudo no mundo ao seu redor. Permanece oculta apenas aparentemente. É preciso eliminar os limites entre o consciente e o inconsciente, ainda porque estes limites também são ilusórios.


Na formação do ego, desde a mais tenra infância, os pais, a escola, a religião começam a moldar a personalidade de mil e uma maneiras. A repressão de certos comportamentos e o condicionamento de certas atitudes são importantes para a própria segurança da criança e de quem está a seu redor. Se um garoto fica com vontade de atirar uma pedra numa vidraça, deve-se evitar que tal aconteça, pois a sua falta de maturidade acarretará problemas.


Contudo,  as repressões tornam a sombra uma espécie de arco retesado, quando menos se espera vêm à tona, dispara a flecha, muitas vezes de forma errada. Por outro lado, a sombra é extremamente criativa, razão por que é utilizada nos rituais satânicos de forma a mudar eventos de conformidade com a vontade do mago. Lembre-se: é necessário trabalhar sempre a sombra primeiro: o resto é a porta, por onde você vai entrar. Descubra a sombra, guarde segredo e, se estiver atento, uma porta estará aberta para você, em direção ao seu objetivo. O segredo é saber que a escuridão é sempre luminosa.


Este é o momento de trazer à baila duas definições. A primeira é a de arquétipo, extraída de um livro, que é coletânea de psicanalistas junguianos sobre a evolução humana através do trabalho com a Sombra: “Os arquétipos são estruturas inatas e herdadas no inconsciente – ‘impressões digitais’ psicológicas - que contêm características formadas de antemão, qualidades pessoais e traços compartilhados com todos os outros seres humanos.” Eles são forças psíquicas vivas dentro da psique humana. De acordo com o Critical Dictionary of Jungian Analysis, ‘Os deuses são metáforas de comportamentos arquetípicos e os mitos são representações arquetípicas’. O decurso da análise junguiana envolve uma percepção crescente dessa dimensão arquetípica da vida de uma pessoa.”


Outra definição importante é sobre a egrégora, que foi retirada de uma página da Internet, cujo autor é Alexander Rhamanna Ferritt. Infelizmente, perdeu-se o endereço da página. “Egrégora poderia ser definida como uma energia resultante da união de várias outras energias.  A nível de exemplo, podemos citar o amor de um núcleo familiar, a energia que mantém uma família unida.  Caso essa egrégora fosse dissipada, a família se dissiparia, pois não haveria identificação entre seus membros. Não haveria, assim, vínculo entre eles.”

De certa forma, os dois conceitos estão interligados: enquanto arquétipo impera no nível mental, egrégora o faz no nível emocional. Ambos emanam do logos, que é a consciência cósmica.

O fator medo


O medo é considerado, ao par do amor e do ódio, um dos maiores fatores de motivação humana. Apesar de ser considerado uma emoção “negativa”, mereceu um capítulo à parte, pela sua evidente importância. Medo, pelo Novo Dicionário Aurélio, é um “sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça”.

Em primeiro lugar, o medo é enfocado como um sinal de alerta em relação ao perigo eminente. Neste sentido, é salutar e producente, porque despeja adrenalina no ser vivo e, com isso, a energia necessária para fazer frente a uma situação de perigo. Uma pessoa perfeitamente integrada sabe que o medo é funcional e não se torna escravo de sua atuação, conjuga-o mesmo a seu favor.

Se o perigo é futuro, a solução vista noutro capítulo de aceitá-lo torna-se um coadjuvante poderoso na extinção do problema, não apenas pela mudança de paradigma emocional, quanto pela recepção de idéias importantes e necessárias. A repressão ou a fuga só servem para fortalecê-lo, e certamente o problema, antes imaginário, tornar-se-á plenamente real. Além disso, será um constante foco de estresse, podendo, daí, originar até mesmo uma depressão. Um parênteses aqui: depressão é uma doença que difere do estresse, devendo ser tratada por alopatia. Estresse, na maioria das vezes, é momentâneo ou provisório.

Noutro caso, o medo também se apresenta pela sintonia com outro ser. Fulano, ao entrar num recinto cheio de pessoas, sente medo sem causa aparente. Das duas uma, ou é também um sinal de alerta inconsciente (por exemplo, devido à presença de um inimigo), ou está simplesmente captando o medo de outra pessoa. Na segunda hipótese, torna-se plenamente possível perceber quem é o emissor da emoção, e isto serve como indicador do estado sentimental de tal pessoa; neste caso torna-se útil, se não houver a ilusão de que a fonte é o próprio Fulano. Infelizmente, muitos sensitivos, por não conhecerem esse processo, passam uma vida miserável, agrilhoados ao medo. Refutam mesmo seus dons, achando que só lhe trazem problemas.

Às vezes, o medo surge como subproduto de uma egrégora. É o que acontece em inúmeras religiões, que constroem o medo artificial, de forma a envolver e escravizar seus seguidores. Daí se falar em “ira de Deus”, “salvação do inferno”, “reencarnação purgativa” e demais anátemas. Uma determinada religião outorga-lhe o medo e, com isso, controla sua vida. Leva-o a agir de modo antinatural, inversamente à sua índole, pelo medo das possíveis conseqüências que advirão, diga-se de passagem conseqüências absolutamente falsas, pré-fabricadas com o único escopo de lhe tolher. É o processo de automação do ser humano.

Por outro lado, o constante temor é uma espécie de imã, capaz de atrair situações nefastas. Uma pessoa está passeando de bicicleta, repentinamente vê um buraco e sente medo. Logo em seguida, cai no buraco. Coincidência? Não, o temor atraiu a situação. Observe que tal temor, quando conscientemente percebido como um aviso, não irá

atrair o buraco; é a fixação no medo, quando este assume o controle, que atrai o fato funesto.

O medo é usado por vários estrategistas como forma de manipulação e logração de objetivos. Robert Greene cita: “Mantenha os outros num suspense terrorífico; cultive um ar de imprevisibilidade.” Muitos magos usam o medo na magia manipulativa. Poucas pessoas sabem lidar com o medo, portanto é um grande aliado para conseguir o se quer. Já dizia Miguel de Cervantes que “quem perde sua coragem, perde tudo”. Observe que pessoas medrosas são facilmente manipuláveis. Basta criar o medo e sua possível solução, esta dependente da vontade do manipulador, que aquiescerá após ter obtido seu intento. O covarde fará tudo para sair da situação desagradável em que se acha, dando como paga a própria liberdade; esquece, contudo, que se tornou um escravo, que o chantagista usará o mesmo método sempre que lhe aprouver, sem nenhum remorso ou peso na consciência, típicos, aliás, dos fracos de propósito. Como todos possuem seus pontos frágeis, o medroso facilmente escaparia das malhas da chantagem emocional, contudo o raciocínio embotado e a emoção vilipendiada não lhe permitem enxergar com clareza.

Quanto ao satanista, sabe que o medo é sempre seu aliado, e não se deixa enredar pelas maquinações de terceiros, dando a paga na mesma moeda. Se incute o medo em terceiro, fá-lo para lograr um objetivo necessário segundo sua óptica, para se defender de um perigo ou obter algo importante. Um satanista não é um vampiro psíquico, mas não se deixa conduzir por moral alguma. Usa o medo conforme sua vontade e depois o descarta. E, se alguém deseja ser escravo em/de determinada situação, nada mais sábio que a fórmula crowleyana que o escravo servirá, mas que sirva consciente de sua condição de ser inferior, dependente e não-emancipado, coisa que as religiões “divinas” usaram e abusaram em proveito próprio, mas sem nunca tornar o escravo consciente de sua condição.

Importância do estudo do plano astral


Realmente, o melhor método de interpretação de sonhos é através de signos lingüísticos. Nenhum manual de sonhos ajuda, pois não focaliza o contexto onde se desenvolve o sonho. A pessoa tem de interpretá-los valendo-se deste método lingüístico, que também é usado na interpretação de várias obras literárias, principalmente as relacionadas ao estilo do Simbolismo.

Um sonho é similar a uma parábola. Há vários signos nele. A análise contextual por intermédio dos signos pode oferecer valiosa ajuda. Isoladamente, um signo não possui muito valor. Se alguém sonha com uma cobra, ela pode ter inúmeros significados, como a energia kundalinica, tentação, sedução, traição, tesão e  muito mais. Deve-se analisar o contexto onde o ofídio se encaixa. Vou citar outro exemplo: Uma pessoa sonha com um incêndio, depois vê uma moça parada num semáforo vermelho, aproxima-se dela e lhe oferece uma rosa. Há três símbolos de paixão aí: o incêndio (devastação da paixão), semáforo vermelho (pedindo a sua parada obrigatória diante do objeto do seu amor) e a rosa (por demais óbvia!). Por conseguinte, o sonho provavelmente estará lhe indicando que você está apaixonado por uma mulher, ainda que não o saiba em nível consciente. Isoladamente, noutro contexto, qualquer um dos símbolos poderia ter outro significado. Mais um exemplo: certa vez uma pessoa sonhou que estava percorrendo uma estrada sinuosa e, num dado momento, o carro onde viajava rolou pela ribanceira. Quando contou o sonho ao médico, este pediu que desenhasse a estrada percorrida e onde o carro havia despencado. Ficou constatado mais tarde que a estrada era a forma do intestino da pessoa e que o problema achava-se  onde o carro caiu. Na Bíblia, foi relatado o sonho do faraó, interpretado por José, sobre as sete vacas gordas e as sete vacas magras, uma premonição sobre os sete anos benfazejos e os sete anos paupérrimos por que o Egito ia passar. Os sonhos de Abraão, Nabucodonosor, Penélope, Cliptemnestra, o famoso íncubus que alimentou o Santo Ofício, até os estudos oníricos efetuados por Freud e outros psicanalistas mostram a relevância do tema abordado.

Isto não ocorre apenas em nível de sonho, mas a própria natureza comunica-se também desta forma, afinal a vida não passa de um sonho congelado. Quem for sensível poderá percebê-lo no próprio cotidiano. F. estava passando por uma situação financeira apertada. Sentado no sofá, ouviu um ruído na janela, quando a abriu um bem-te-vi entrou em casa, como um foguete, e saiu pela outra janela. Veio-lhe a percepção (ou intuição) de que só a Águia representa uma ave que voa tão rápido assim, correlacionada com o popular jogo do bicho. Jogou o grupo na cabeça e conseguiu o dinheiro necessário para sobreviver até o final do mês. Antes que alguém me acuse de incentivar a jogatina, afirmo que sou contrário a qualquer forma de jogo que sugue o dinheiro da pessoa, pois isto não passa de vampirismo monetário. Por outro lado, incentivo os que possam realmente acrescentar algo, como o Xadrez, que desenvolve o raciocínio. Citei o fato apenas por exemplo.

Leve-se em conta que, por ser extremamente pessoal, tanto o sonho desperto, quando o dormindo, não devem ser revelados levianamente a ninguém, a não ser em casos especiais, como um psicanalista que esteja lhe ajudando. No sonho, a pessoa recebe informações importantes, porque está totalmente relaxada. Acordado, o mesmo pode acontecer, se a pessoa estiver receptiva. Aliás, a receptividade é uma importante chave mágica.

O descaso para com o campo onírico é fruto, em parte, da existência de pretensos manuais de interpretação, que para nada servem, bem como retóricas intelectuais, que só afastam o leigo de um estudo mais sério. Enfim, o ideal é anotar os sonhos, ainda de madrugada para criar um vínculo maior com o plano onírico. Tal vínculo permite ter o sonho lúcido, também conhecido como viagem astral, dentro do próprio sono, evitando o medo da morte, nas tentativas conscientes, bem como possíveis bloqueios pela educação religiosa. Falo, de fato, da criação de um diário mágico, IMPRESCINDÍVEL para qualquer mago.

Um adendo aqui. O seu diário é apenas para os seus olhos. Guarde-o num local de difícil acesso a terceiros e, se possível redija-o em código próprio ou num idioma como árabe, japonês, que dificulte o entendimento por quem acidentalmente o tenha em mãos. A razão é simples: o curioso passa a conhecer os seus segredos mais íntimos. Muitas ordens pedem que o neófito apresente um diário mágico. O Autor denuncia tal pretensão: ninguém possui o direito de entrar na intimidade de ninguém. Entregar um diário mágico como pré-requisito para mudança de grau é uma atitude infame.

No diário mágico, devem ser anotados não só os sonhos, mas as práticas mágicas e os fatos relevantes do cotidiano. Algumas vantagens no uso do diário mágico são as seguintes:

·        Possibilitar o sonho lúcido. O ideal é anotar todos os sonhos, ainda de madrugada, o mais minuciosamente possível e depois voltar a dormir.

·        Em caso de algum ataque astral, permite a tomada de consciência no próprio sonho e  a reação adequada, defendendo-se e eliminando o problema por completo.

·        Possibilita o estudo do sentido dos sonhos, com base nos signos lingüísticos. Em alguns casos, arquétipos plenamente estabelecidos, como o do Tarot, também auxiliam a interpretação.

·        Descrever os rituais praticados com precisão, relatando todas as experiências relacionadas a ele, bem como a sua conclusão.

·        Auxilia a observação da evolução da prática mágica em relação a tendências futuras e o reestudo das anteriores.

·        Relacionar idéias importantes que lhe venham à mente, para uso futuro.

·        Anotar os fatos relevantes do dia-a-dia, para posterior comparação.

·        E muito mais! Lembre-se de que o limite é o da própria imaginação. Os relatos devem ser o mais preciso possíveis!

Além do método da anotação dos sonhos, o autor sugere outra idéia para facilitar a viagem astral. Após se deitar e relaxar na cama, contemple o corpo como se, de fato, estivesse dormindo. Aja naturalmente em relação a qualquer incômodo, como uma resposta automática do próprio corpo. Depois de cerca de uns 20 minutos, sentirá a vontade imperiosa de mudar de posição. Mude de posição e tente, agora, dormir. Semanalmente, tenho viagens astrais, algumas vezes duas por semana, graças a esta técnica, elaborada por mim.

No sonho lúcido, a pessoa interage instantaneamente em qualquer tempo-espaço, sem o muro da causalidade. O segredo é a vontade. Se quer ir a determinado lugar, basta a

vontade. A sensação de voar no plano onírico é simplesmente indescritível, tamanha a emoção de liberdade e felicidade, só quem passou por esta experiência pode realmente saber o que significa.


Neste exato momento, alguém perguntará: Você fala muito no plano físico e no plano astral, mas e os demais planos? O autor responde que estes são os únicos planos que devem ser levados em conta. Os outros são apenas teóricos ou subtipos do plano astral. Há quem cite, por exemplo, um plano mental, mas a consciência rola também no sonho lúcido, ou seja, a mente (não o cérebro) interage em ambos os planos. Portanto, é melhor se preocupar com o que se tem a mão.

O perigo da mediunidade

Um centro espírita é um vórtice do plano astral. Sem entrar no mérito da possibilidade do recebimento de entidades e guias nos centros espíritas, que é possivel, no plano astral há de tudo: larvas, cascões, egrégoras, vampiros etc. Para que um médium supostamente receba uma entidade, é necessário que abra a sua aura, sem o que não se realiza a manifestação mediúnica. No entanto, abrir a aura é fácil; fechá-la não. Cientificamente, a única coisa realmente comprovada para o fechamento da aura é banho de sal grosso diario, por 20min, água nem quente nem fria, numa banheira, do pescoço para baixo. A comprovação foi feita pelo método kirlian. Este é um método inclusive recomendado para defesa contra ataques astrais; não se esqueça de que a aura é uma espécie de firewall pessoal.

Como estou tratando inicialmente da mediunidade de incorporação, NADA garante, a não ser que houvesse um exame científico minuciosamente elaborado, para assegurar que realmente se trata de uma entidade "de luz" ou de um ente falecido da família de quem está ali presente. Basear-se apenas na obra de Kardec para discutir estas manifestações é o mesmo que basear-se apenas na Bíblia para discutir a existência de Jesus. Pura tautologia! Somente alguém com sensibilidade suficiente para reconhecer o “ente” por detrás da forma, ou seja, reconhecer a “assinatura” ou o “estilo” do ente. E poucos são capazes disso. A própria clarividência não ajuda, porque é corriqueira a mudança de forma no astral. Um vampiro pode muito bem aparecer como o espírito Ramatis.

Na maior parte das vezes, poderá se tratar de entes que estão apenas sugando a energia dos médiuns e  de quem está presente no centro. Contudo, há um perigo real: É comum o falecimento de médiuns através de acidentes de automóveis. Saem do centro com a aura aberta e... morrem! Por que? Repito, porque fechamento de aura não é fácil. Se abre, mesmo para algum ente "amigo", quando sair do centro, estará exposto a todos os tipos de entes. Rezar simplesmente não ajuda

Por outro lado, em nada acrescenta magicamente, o uso da mediunidade, pois é comum o médium embarcar numa fantasia contagiosa, enquanto a magia é fruto de imensa reflexão. Portanto, esta postura tem sido combatida pelos filhos da Serpente. Um estudioso de orgonoterapia e bioenergética pode comprovar, com base em procedimentos científicos, o alto grau de desequilíbrio energético, com chacras fendidos, polaridades invertidas e anomalias das mais diversas.

Se porventura o leitor for um médium, tome um banho de sal grosso ou faça o ritual menor do pentagrama, antes de ir ao centro, e verificará que não receberá ente algum, a não ser se for tal a fragilidade da sua aura, que esses métodos sequer adiantem. Diga-se de passagem, em inúmeros chats de discussão na internet, sempre perguntei aos espíritas se conheciam algum método eficaz de proteção áurico, e constatei, até onde avançaram as minhas pesquisas, que definitivamente não existe.

A sombra como via transformadora

A sombra é a parte rejeitada da personalidade em benefício de um ego ideal. Este ego ideal é aquilo que realmente o ser humano aprecia e quer mostrar a sociedade. Não obstante, se uma parte de nós é reprimida, ela se locomove para o inconsciente e, então, torna-se hostil. Por outro lado, a sombra é extremamente vital e criativa, mágica mesmo. Ela contém não só a nossa porção infantil, problemas emocionais, repressão neurótica, mas também nossos dons não desenvolvidos. Por fim, a sombra também possui aspectos positivos, que, por alguma razão, não se desenvolveram de forma adequada, ou seja, que não atingiram o nível da consciência.
O maior enfoque satânico no trabalho com a sombra está nas palavras do psicanalista junguiano Erich Neumann: “O self fica escondido na sombra; ela é a guardiã dos portais, a guardiã da entrada. O caminho para o self é através dela; por trás do aspecto escuro que ela representa esta o aspecto da totalidade, e é só fazendo amizade com a sombra que ganhamos a amizade do self.”  Este é o sentido mais profundo, religioso, em que o homem estabelece contato com o centro divino inerente a si mesmo. Jung já dizia que “Uma pessoa não se torna iluminada ao imaginar formas luminosas, mas sim ao tornar consciente a escuridão. Esse último procedimento, no entanto, é desagradável e, portanto, impopular”.

 O segundo enfoque é que todo o conjunto representado pela sombra traduz o poder oculto do lado obscuro da natureza humana. O método de trabalho com a sombra, como via de transformação, traz as seguintes vantagens:

·        Estabelecer a auto-aceitação total, baseada no auto-conhecimento.

·        Trabalhar o lado negativo de forma producente

·        Eliminar qualquer senso de culpa em relação à aceitação desse lado negativo

·        Reconhecer as projeções em cima de terceiros, como espelho de si mesmo

·        Tornar-se mais autêntico, mais íntegro, mais centrado no cotidiano e, por via de conseqüência, um ego sadio

·        Extravasar o riso e a alegria, que conduzem a uma forte personalidade

·        Revelar os talentos ocultos no inconsciente

·        Liberar toda a energia reprimida

·        Conduzir adequadamente o sexo oposto, dentro de si

·        Usar a imaginação criativa em todos os aspectos da vida, inclusive a arte da magia, o estudo do sonho e a eliminação da ilusão

·        Permitir o acesso às experiências transpessoais mais profundas

O constante combate do ser humano com a sombra, através da sua força de vontade, apenas joga energia ao inconsciente, de onde ele se manifestará de forma perniciosa, compulsiva e projetada.  A razão é que a sombra representa padrões energeticamente carregados e esta energia não pode ser simplesmente detida pela vontade e, se pudesse, converter-se-ia numa espécie de água estagnada, mortífera. É necessária uma recanalização, transformação ou absorção, o que impõe a aceitação e a percepção da sombra como via de desenvolvimento pessoal. Jung já dizia que nenhum complexo é patológico por si, ou seja, qualquer complexo só é patológico se está oculto ao ser humano, pois passa a lhe dominar.

Tudo o que veementemente acusamos ou aceitamos nos outros, bem como os atos falhos, sintomas de vergonha ou culpa etc. são pistas para o reconhecimento da sombra.

Um ego forte não é egolátra. Na verdade, a egolatria é sinônimo de ego fraco. O ego forte possui um relacionamento adequado tanto com a sombra, quanto com o Self. O ego nunca é diminuído no processo de integração, apenas se torna menos rígido, mais volátil.  A individuação só ocorre com um ego forte.

Diz a obra que “Ajudar os filhos a se desenvolver corretamente a esse respeito, no entanto, não é nada simples. A pregação moralista por parte dos pais, da igreja, da sociedade etc., geralmente é ineficaz ou até mesmo perigosa. De muito maior importância é o tipo de vida que os pais realmente levam e o grau de honestidade psicológica que possuem. A pregação moralista por parte dos pais hipócritas é mais do que inútil.” Continuando... “Quando a criança fica furiosa com seu irmão, talvez uma atitude do gênero, ‘Eu entendo que você esteja furioso com seu irmão, mas você não pode jogar uma pedra nele’, possa encorajar a criança a desenvolver a repressão necessária sobre seus instintos e afetos mais violentos, sem se afastar do seu lado escuro.” Isto também evita o problema da sombra branca ou positiva.

O problema de a pessoa fixar-se única e exclusivamente na sombra seria o mesmo que criar uma sombra branca, neste caso o lado bom é que seria reprimido, enquanto o lado mau seria expresso pelo ego. Tal situação decorre principalmente por estados patológicos na infância, que levaria a uma personalidade psicopática. A pessoa se torna uma espécie de Mr. Hyde sem o Dr. Jekyll. Então, o mal arrasta a si, a todo mundo à sua volta e, ao final, destrói a própria pessoa. Por esta razão é que grupos pseudo-satanistas, que se envolvem na prática de sacrifícios humanos, cultuando exclusivamente o lado negativo, não conseguem sobreviver muito tempo, sempre ocorre uma desgraça e o grupo se dissolve. Quando a pessoa é incapaz de valorizar o seu potencial positivo e se desvaloriza em excesso ou, ainda, quando é o seu próprio lado negativo quem toma conta da personalidade, ocorre então a chamada sombra branca. Neste caso, são os valores positivos é que passam a fazer parte da sombra. Ao invés disso, o Satanismo trabalha através da aceitação da sombra, mas SEM reprimir o lado positivo, que já está naturalmente (ou quase naturalmente) assentado. O resultado é que o ser humano se torna mais centrado, íntegro, e permite o restabelecimento do eixo ego-Self.

adrenalina no corpo para fazer frente ao perigo. Segundo Sharyn Wolf, “Todos os organismos buscam a homeostase, um senso de equilíbrio interno. Qualquer estímulo inesperado representa uma perturbação do nosso senso de equilíbrio. É por isso que se pula ao ouvir um ruído desconhecido.”  Esta é a razão do medo. A outra hipótese ocorre quando você sente medo sem motivo aparente. O mais provável é que você esteja captando o medo de outra pessoa. Então, se você olhar ao redor, é quase certo que perceba quem realmente está temeroso. Este exemplo pode ser aplicado a quaisquer tipos de cargas emocionais, pois elas não se limitam ao espaço do corpo físico - e o livra da irracionalidade do medo, pois você cada vez mais percebe que ele é seu aliado, um sinal de alerta pessoal.

Há muito tempo atrás, indo para a casa do meu pai na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, peguei um ônibus à noite, debaixo de forte temporal. O motorista estava correndo muito e confesso que fiquei apavorado, pois devia estar a uns 120km/h, em plena Avenida Brasil. Se pudesse, com certeza teria saltado, pois tamanha velocidade debaixo de um aguaceiro não passava de uma imensa estupidez e nunca tive pendor para me tornar gratuitamente candidato a defunto.  Numa situação em que não havia saída alguma, resolvi descartar o incômodo do medo. É óbvio que tentei desviar a atenção, mas isso nunca funciona, a não ser que o medo esteja no início ou seja muito pequeno. O motorista, de alguma forma, conseguiu captar a lástima emocional em que me achava e corria cada vez mais. Fiquei sumamente irritado e impotente com a situação, mas tive uma idéia. Se não adiantava combater o medo, então era melhor estudá-lo, poderia ser útil no futuro. Em vez de sufocá-lo, passei a confrontá-lo pessoalmente. Foi terrível, pois parecia estar dando chance a ele de tomar conta de mim, cresceu substancialmente, a ponto de chegar a um inferno insuportável. Ainda assim o aceitei, prestando atenção a ele em todos os sentidos, até que, num dado momento, ele simplesmente desapareceu. Pensei, então, com os meus botões... Agora esse calhorda do motorista pode correr quanto quiser, não estou nem aí... O engraçado é que o condutor do ônibus simplesmente reduziu a velocidade para uns 40km/h, e o restante da viagem ocorreu normal. Este fato me ensinou uma importante lição.

A SOMBRA SÓ É SUA INIMIGA SE VOCÊ A REJEITA. SE VOCÊ A ACEITA, ELA SE TORNA SUA ALIADA.

Se você está triste, saiba que a tristeza é uma tremenda energia inspirativa. Use-a para escrever poesias ou pintar quadros. Solte toda esta agonia do êxtase que jaz dentro de si. Se está com raiva sem motivo, empregue-a para arrumar a sua casa, aquele afazer que sempre relegou a segundo plano, ou então use-a como garra para vencer uma competição. A raiva é uma tremenda energia de vontade, não a reprima, nem a desperdice inutilmente. A angústia é uma grande energia purificadora. Quando você aceita a angústia, ela queima a causa e, quando chega o momento do fato ruim, ele nunca acontece.

Contudo, se reprime as suas próprias emoções, elas se voltam contra você! A natureza sempre se vinga, esta é uma das suas leis. Basta ver o que está acontecendo com a Terra nos dias atuais, com secas onde antes existia vegetação, rios se transformando em esgoto etc. etc. etc. Um dos pecados satânicos é a restrição ou repressão. Tudo que é reprimido volta à tona de forma violenta, porque precisa sair e, nestes momentos, é que os atos mais insanos são cometidos.